sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Quando levei as tias ao teatro





Quando disse às minhas tias da aldeia que as iria levar ao teatro, era outono e já está quase a fazer um ano. Uma semana antes, já andavam num frenesim de contentamento e em dois dias, meia aldeia já sabia da nossa ida à cidade. Depois, as grandes preocupações eram se hoje, as idas ao teatro exigiam toilette como quando foram todas juntas com os tios ao casino Estoril ver um espectáculo do La Féria e ficaram num hotel de cinco estrelas. Tudo muito chique e muitos brilhos. Sempre a lembrarem-me de que quanto mais velhotas, mais bem arranjadas devem estar. Eu sosseguei-as dizendo-lhes que poderiam vestir-se como quando vão à missa. A vivacidade dos olhos ficaram a desmaiar e os sorrisos apagaram-se com os cantos da boca a tornarem-se ainda mais flácidos - ok… um bocadinho mais caprichado - emendei a correr muito. Depois, foi vê-las felizes de cabelos de “mise en plis” e maquilhagem a preceito. Uma alegria avistá-las de malinhas de mão a abanarem ao ritmo de passinhos pequeninos nos sapatos novos de salto médio e os casacos compridos a esconderem os vestidos de caxemira que foram comprar a propósito. 

mz



jovem ilustrador russo
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