sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Camélias




Encontraram-se os dois por acaso. Era tempo de Camélias. Singelas. No vaso de cristal em disposição assimétrica via-se a alegria do conjunto rosa e amarelo. Pétalas e estames em êxtase. Um toque oriental, exóticas e tão nossas. Tão portuguesas. Ele disse que iria fazer uma aguarela, mais tarde quando tivesse tempo. Talvez em Março quando fosse primavera. Ela lembrou-se do dia do seu casamento e do grande ramo em botão que segurava graciosa. Uma cascata branca de noiva. Genuína ingenuidade. As camélias a caírem-lhe no colo, desejosas por se abrirem e ela, ansiosa de desejo e de se abrir como uma flor. Maravilhosa. Deslumbrante. Afastou o cabelo do mesmo jeito que afastara o véu há tanto tempo atrás. Suspirou. 


mz



Imagem:  Tela - Gustav Klimt, 
Ritratto Di Signora - Galeria Ocaiw