quarta-feira, 25 de abril de 2012

Mise-en-Scène


Também morremos se o pensamento atrofia, por isso, escrevo para afastar um certo medo de definhar. E escrevo um palco de actores vestidos a rigor. Depois, a plateia de pé sem aplaudir e a escorregar cada vez mais num verdete esperançoso. Lembro-me de alguém na banca das flores que diz que já não se gosta de cravos e uma florista a responder que eles nunca fizeram mal a ninguém. É tudo subjetivo ou então, uma forte convicção. Mesmo que não obtenha resposta, interrogo-me de que são feitos os cravos de hoje.
Parece-me ver apenas meia flor. Nos fatos dos actores, bandeirinhas de lata e gravatas verdes. Uma espécie de mise-en-scène. Acaso precisamos que nos lembrem quem somos, ou quem as usa terá necessidade de não se esquecer que são daqui e não de outras bandas?
De facto, nunca o verde esteve tão na moda e não me sai da ideia um certo ambiente clubístico que  dos cravos apenas mostram o caule, falta muito do resto...


imagem: Tela de Gustav Klimt



Original escrito e publicado...
Mz