segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Serenatas...


Um dia perguntei-lhe o que mais a marcou nos Verões da sua juventude.

Então...
Aconchega-se no sofá e, muito calmamente, passa uma mão engelhada pelo cabelo de cinza. Os seus olhos azuis parecem rir de contentamento...
Abre-se a estrada do tempo e já não são só os olhos que parecem rir. Sem eu contar, dos seus lábios pouco firmes, uma gargalhada bem sonora e contagiante, faz-me rir também. Leva uma mão ao peito como que para acalmar a satisfação e inicia assim as suas memórias de verões já um bocadinho antigas.

Fala-me de um luar com cheiro a flor de laranjeira, das noites quentes, dos acordes de viola, de cantigas e de vozes em serenata.
Sim... as serenatas!
O acordar único em noites de Verão, foram prendas que nunca mais esqueceu. O silêncio amplificava o som e, as vozes dos rapazes, mesmo que desafinadas, soavam mágicas naquelas capas de luar.
Deixava-se abandonar na cadência e repetia baixinho todas as cantigas que se iam soltando.
Voltava-se a fazer silêncio.
Depois, ao outro dia pela manhã, de rosto corado e olhos baixos, dava os bons dias aos pais como se nada tivesse acontecido. E na rua, os mais velhos falavam da noite como se lhes tivessem sido dedicadas as serenatas.

Recomendo aos apaixonados, diz-me ela!


imagem: google


com carinho
Mz