sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Veludo verde...


Quase à porta de casa, a floresta sacudida pela estação libertava um cheiro húmido e podre das folhas em decomposição que se desprenderam durante o Outono.
Pinheirinhos do tamanho de crianças estavam bons para o corte tradicional e um deles seria arrastado para casa.

Por baixo dos outros, dos grandes de braços altos, procurávamos o tapete de veludo verde, aquele que era a beleza das tapeçarias e que os nossos pés tinham o cuidado de não pisar. Era precioso demais nesta época.
Delicadamente despegado da terra para fazer o nosso presépio, acamavam-se em placas dentro de um cesto de vime. Um daqueles cestos com duas asas que no Verão abarrotavam de milho seco e dourado, que em Setembro serviram para transportar os cachos de uvas maduras e depois mais tarde, já em pleno Outono, as azeitonas... quando ainda havia oliveiras suficientes nos terrenos dos avós lá na aldeia.

Com as botas enlameadas e as mãos geladas, regressávamos a casa contentes e era à noite, no quentinho da lareira que combinávamos como seriam as estradinhas do nosso presépio...
de farinha ou de areia...

Hoje, o meu pinheiro de Natal é artificial mas ainda vou à floresta sentir o cheiro do pinho verde e agora também do eucalipto.
Ainda descubro algum musgo, não tão exuberante, mas está lá...
Regresso de mãos vazias mas as botas, essas, voltam da mesma forma, enlameadas!

(Imagem: Google)



Feliz Natal!
Com carinho
MZ